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Arquivo Diário 17 de setembro de 2018

SBMFC – Nota de repúdio: declaração de Alexandre Garcia sobre queda na taxa de vacinação

NOTA PUBLICADA PELA SBMFC

A Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade repudia as declarações do jornalista Alexandre Garcia, que recentemente, ao argumentar sobre as fake news, responsáveis pela queda da taxa de crianças vacinadas, diz que, “segundo um pediatra conhecido, os postos de saúde do Brasil estão destituídos de pediatras e que os médicos de família, um novo tipo de medicina, se esquecem da puericultura e que não estão preparados”. 

A Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade, entidade que representa os médicos de família e comunidade que atuam no país e atualmente são mais de cinco mil profissionais qualificados, esclarece que:

A Medicina de Família e Comunidade não é uma especialidade nova, tendo sido reconhecida pelo Conselho Federal de Medicina em 1986 com o nome de Medicina Geral e Comunitária e posteriormente atualizado para Medicina de Família e Comunidade como é em grande parte dos países das Américas, incluindo os EUA, e Europa. A base de atuação do médico de família e comunidade a Atenção Primária à Saúde no Brasil e os médicos se tornam especialistas no Brasil por meio de residência ou a partir de prova de título. Importante destacar que foi a necessidade de aperfeiçoamento para suprir as carências da população nos níveis primários da atenção à saúde fez com que, em 1976, fosse criado os primeiros Programa de Residência Médica (PRM) em Medicina de Família e Comunidade.
 
O especialista em Medicina de Família e Comunidade está apto a acompanhar o indivíduo desde antes do nascimento, na gestação, até os últimos momentos de vida e dispensa cuidados integrais ao paciente sempre com foco na pessoa e não na doença. Por isso, tem a plena capacidade de exercer a puericultura, que não é apenas papel do pediatra, conforme citação feita no áudio. E pelo acompanhamento, é também papel deste profissional fazer acompanhamento da carteira de vacinas, orientando os pais sobre a importância das vacinas e sobre os riscos das doenças caso a criança não seja vacinada.
 
Os médicos de família e comunidade (MFCs) são treinados para terem as competência necessárias para solucionar os 90% dos problemas de saúde mais frequentes das pessoas sob seu cuidado, seja em consultórios, ambulatórios, Unidades Básicas de Saúde, Clínicas de Família, Serviços de Emergência, Pronto- Socorro, independentemente da esfera: pública, privada ou suplementar.
 
Os médicos de família e comunidade buscam a alta resolutividade nos problemas de saúde com o olhar voltado para o indivíduo, família e comunidade. Acompanham as pessoas ao longo da vida, independentemente do gênero, idade ou presença ou ausência doença, integrando ações de promoção, prevenção e recuperação da saúde. Esse profissional atua próximo aos pacientes antes mesmo do surgimento de uma doença, realizando diagnósticos precoces e os poupando de intervenções excessivas ou desnecessárias.
 
No Brasil, destaca-se a atuação do MFC na Saúde da Família,  principal estratégia do Ministério da Saúde para reorientar o modelo de atenção à saúde da população a partir da atenção primária. As equipes são multidisciplinares, formadas médicos, enfermeiros, dentistas, técnicos ou auxiliares de enfermagem e agentes comunitários de saúde que, junto as comunidade, desenvolvem ações de cuidado direto, educativas, de diagnóstico de doença, tratamento, recuperação e reabilitação. Atualmente existem 40 mil Equipes de Saúde da Família implantadas e a execução da ESF é compartilhada pelo governo federal, estados, Distrito Federal e municípios. 
Existem estudos no país retrospectivos comparando os indicadores de mortalidade apos advento da Estratégia de Saúde da Família com os serviços de saúde que anteriormente contavam apenas com presença somente de pediatras, bem como estudos avaliando os indicadores de cobertura vacinal e mortalidade infantil com a implantação da ESF.
Os resultados são taxativos, a ESF não só ampliou os niveis de cobertura vacinal como reduz a mortalidade infantil como também é superior aos serviços anteriores. Portanto, está equivocada a fonte de Alexandre “seu amigo pediatra” e ressaltamos que pra além de garantir financiamento público adequado para o SUS, é preciso deixarmos de lado o corporativismo falacioso e formar cada vez mais médicos de família e comunidade, melhorando ainda mais a ESF.”
Nota publicada no site da SBMFC – http://www.sbmfc.org.br/