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Atenção primária é o meio mais eficaz de garantir bem-estar na velhice

Constituição de 1988 consagrou a saúde como “direito de todos e dever do Estado, garantida mediante políticas sociais e econômicas que visam à redução do risco de doença e de outros agravos e possibilitando o acesso universal e igualitário às ações e serviços para promoção, proteção e recuperação”. No entanto, 30 anos depois, cresce o temor entre profissionais da área de que o Sistema Único de Saúde (SUS), criado para valer fazer esse direito, esteja debaixo de enorme pressão e em processo de desmantelamento. Esse foi o assunto recorrente do I Simpósio Nacional sobre Saúde, Envelhecimento e Estado de Bem-estar, realizado semana passada na Fiocruz, no Rio de Janeiro. Diante de uma plateia majoritariamente jovem, Dalia Romero, que é pesquisadora da instituição, mestre em Demografia e doutora em Saúde Pública, ressaltou a importância da atenção primária de saúde: “no que diz respeito ao envelhecimento da população, isso é fundamental. Embora as doenças crônicas façam parte da velhice, o foco não deveria estar apenas nelas, e sim no bem-estar das pessoas. E o melhor indicador de bem-estar é a capacidade funcional, de poder realizar as atividades diárias, como comer, tomar banho, sair à rua. Pode haver a presença da doença, mas a independência está mantida”.

Dalia lembrou que, em áreas pobres onde há atenção primária adequada, é possível encontrar indivíduos vivendo numa situação de mais bem-estar do que em regiões de classe média onde idosos moram sozinhos: “o papel do agente de saúde é crucial. Sem atenção primária, caminhamos para o risco de um número maior de internações por condições que poderiam ser evitadas, como hipertensão ou diabetes”. E ainda enfatizou a possibilidade de utilização de tecnologias de baixo custo para beneficiar os mais velhos, citando o exemplo de Portugal, que distribui talheres especiais para portadores do Mal de Parkinson – “atenção primária interessa a todos”, resumiu.

Para Marco Aurelio C. Nascimento, assessor da Coordenação das Ações de Prospecção da Fiocruz, o SUS “é um ativo estratégico nacional para atender ao número crescente de idosos”. Para ilustrar a dimensão do Sistema Único de Saúde, apresentou alguns números: num país de 200 milhões de habitantes, há 130 milhões cobertos pelo programa de Saúde da Família. O SUS realiza 1.5 bilhão de consultas médicas e 12.2 milhões de internações por ano. Tem a maior rede de bancos de leite humano do mundo e 90% das vacinas são financiadas e oferecidas pela rede. “Precisamos zelar pela infraestrura e investir em inovação. Não é fazer mais com menos, e sim mais com mais”, afirmou.

Saúde é um bem fundamental da população e um compromisso do Estado com o cidadão. De boa qualidade, é sinônimo de mortalidade menor na infância e bem-estar maior na velhice. Os idosos são um dos elos mais frágeis da cadeia: mesmo a parcela coberta por planos privados acaba perdendo esse benefício quando deixa o mercado de trabalho. Num momento em que Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) discute a implantação de planos com pagamento de franquia, modalidade em que o consumidor tem de arcar com um valor além da mensalidade se precisar fazer exames ou consultas que não estão previstos no contrato, é hora de se pensar numa mobilização pelo fortalecimento do SUS – esse, sim, é para todos.

Matéria publicada no G1 por Mariza Tavares – https://g1.globo.com/bemestar/blog/longevidade-modo-de-usar/post/2018/04/24/atencao-primaria-e-o-meio-mais-eficaz-de-garantir-bem-estar-na-velhice.ghtml

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