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Arquivo Mensal março 2018

Especialistas do Brasil, Canadá, Costa Rica, Portugal e Reino Unido debatem o futuro dos sistemas universais de saúde

As transformações sociais, políticas e econômicas têm gerado constantes mudanças no perfil demográfico e epidemiológico das populações em todo o mundo. Esse fenômeno tem impactado fortemente os sistemas de saúde, principalmente aqueles que têm a universalidade como princípio, tornando a sustentabilidade desses um desafio a ser enfrentado em diversos países.

Diante deste cenário, o CONASS – Conselho Nacional de Secretários de Saúde – convida especialistas do Brasil, Canadá, Costa Rica, Portugal e Reino Unido para um debate sobre o futuro dos sistemas universais de saúde, em especial do Sistema Único de Saúde (SUS).

A nona edição do projeto CONASS Debate terá como tema “O Futuro dos Sistemas Universais de Saúde”, com objetivo de discutir estratégias e ações que possibilitem o fortalecimento do SUS.

O debate pretende, no ano em que o sistema de saúde brasileiro completa 30 anos, buscar soluções em um cenário de grave crise política e econômica que ameaça não apenas o sistema, idealizado e construído para atender a todos de maneira igualitária e equânime, mas o direito à saúde conquistado e estabelecido da Constituição Federal de 1988.
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Transmissão ao vivo, com tradução simultânea, no site do CONASS

 


 

PROGRAMAÇÃO

“O FUTURO DOS SISTEMAS UNIVERSAIS DE SAÚDE”

BRASÍLIA, 24 E 25 DE ABRIL DE 2018

“O futuro dos sistemas universais de saúde no mundo”

Dia 24.04.2018

 

14:00 – Abertura pelo presidente do CONASS e demais autoridades

14:30 às 15:00 – Reino Unido: Thomas Hone (Departamento de Atenção Primária e Saúde Pública do Imperial College London)

15:00 às 15:30 – Canadá/Quebéc: Denis Roy (Instituto Nacional de Excelência em Saúde e Serviços Sociais do Québec)

15:30 às 15:45 – Intervalo

15:45 às 16:15 – Costa Rica: Mauricio Vargas (Escola de Saúde Pública da Universidade de Costa Rica)

16:15 às 16:45 – Portugal: Jorge Simões (Universidade Nova de Lisboa, Instituto de Higiene e Medicina Tropical)

16:45 às 17:30 – Debate

Moderador – Renato Tasca, (Opas Brasil)

 

 

“O futuro do Sistema Único de Saúde”

Dia 25.04.2018

 

09:00 às 09:30 – Gastão Wagner de Sousa Campos (Abrasco)

09:30 às 10:00 – Jairnilson Paim (Instituto de Saúde Coletiva, Universidade Federal da Bahia)

10:00 às 10:30 – Edson Araújo (Banco Mundial)

10:30 às 11:00 – Eugênio Vilaça (Consultor em Saúde Pública)

11:00 às 11:15 – Intervalo

11:15 às 12:00 – Debates

Moderador – Oswaldo Tanaka (Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo)

 

Serviço

9º Seminário CONASS Debate – O futuro dos sistemas universais de saúde

Data: 24 e 25 de abril de 2018

Horários: Dia 24, das 14h às 18h30 / dia 25, das 09h às 12h

Transmissão ao vivo, com tradução simultânea, no site do CONASS

Informações: conassdebate@conass.org.br

Seminário – De Alma Ata à Estratégia Saúde da Família: 30 anos de APS no SUS – avanços, desafios e ameaças”

A Rede de Pesquisa em Atenção Primária à Saúde da Abrasco (Rede APS) convida para o seminário “De Alma Ata à Estratégia Saúde da Família: 30 anos de APS no SUS – avanços, desafios e ameaças”, evento preparatório para o Abrascão 2018.

O objetivo do seminário é debater uma agenda política estratégica para a atenção primária à saúde no SUS. O evento é gratuito e aberto a todos os interessados na temática.

Programação

                 20 de março – terça-feira

Local: Auditório da ENSP/Fiocruz
Manhã
9h – Mesa redonda – Uma agenda estratégica para a atenção primária à saúde no SUS
Ameaças ao SUS no momento atual – Ronald Ferreira dos Santos – presidente do Conselho Nacional de Saúde (CNS)
Impactos positivos da APS na saúde da população – Rosana Aquino (ISC/UFBA)
Impactos deletérios das políticas de austeridade na saúde da população – Davide Rasella (ISC/UFBA)
APS no SUS: contexto e desafios – Luiz Augusto Facchini (UFPel)
Coordenação: Ligia Giovanella
11h12h – Debate e respostas das perguntas online
Local: Auditório térreo – ENSP/Fiocruz

Transmissão online: https://conferenciaweb.rnp.br/webconf/ensp-fiocruz – Ajuda para conexão: https://sites.google.com/view/tutomconf

Tarde
13h30-16h30 – Grupos temáticos

Grupo 1 – Força de trabalho e práticas profissionais na APS – sala 406
Coordenadora: Ana Luiza Villas Bôas (ISC/UFBA) -Relatora: Elaine Thumé (UFPel)

Textos disponíveis 

Formação e prática profissional de médicos e enfermeiros na APS – Autores: Elaine Thumé (UFPEL), Sônia Acioli (Aben), Amanda Fehn, Magda Almeida (SBMFC), Elizabeth Fassa (UFPEL), Patrícia Chueiri (UFRGS)

Thumé,Acioliet alAFormacaoepraticamédicoseenfermeiros2018

O Trabalho dos ACS – autores: Márcia Valéria Morosini (Escola Politécnico/Fiocruz) e Angélica Ferreira Fonseca (Escola Politécnico/Fiocruz)

Morosini,Fonseca-OtrabalhodoACS 2018

Saúde Bucal no SUS – autores: Elisete Casotti (UFF)  Daniela Carcereri (ABENO) 

Casoti,Carcereri etal- Saúde Bucal2018

NASF – Autores: Lílian Miranda (Ensp/Fiocruz) e Eduardo Melo (Ensp/Fiocruz)

Miranda,Melo_NASF2018

Equipe Multiprofissional – Autores: Nelson Filice de Barros (FCM/Unicamp), Cristiane Spadacio (FCM/Unicamp) e Marcelo Viana da Costa (UERN)

Felice,Spadacio-EquipeMultiprofissionalnaAPS2018

Grupo 2 – Modelo de atenção e impactos na organização dos serviços – sala 718

Coordenadora: Claunara Mendonça (UFRGS) – Relatora: Elaine Tomasi (UFPel)

Textos disponíveis

Acesso e acolhimento às demandas dos usuários na APS –  Autor: Charles Tesser-UFSC

Tesser- Acesso e acolhimento às demandas dos usuários na APS 2018

Práticas Integrativas e Complementares na APS: situação atual, problemas e estratégias de expansão no Brasil 

Autores: Charles Tesser – UFSC 
Islandia Maria Carvalho de Sousa- Fiocruz –PE 
Marilene Cabral do Nascimento – UFF 

Tesser,Sousa,Nascimento-PICnaAPS-2018

Coordenação do cuidado e APS nas redes e regiões

Autores: Patty Fidélis de Almeida (UFF), Maria Guadalupe Medina(UFBA) Márcia Fausto(ENSP/Fiocruz), Ligia Giovanella (ENSP/Fiocruz)
Aylene Bousquat (FSP-USP), Maria H. Mendonça (ENSP/Fiocruz)

Almeida, Medina, Fausto, Giovanella et al -Coordenacaodocuidado2018

Promoção da Saúde no âmbito da APS: territorialidade,trabalho comunitário e intersetorialidade

Autores: Adriano Maia dos Santos (IMS/UFBA), Nília Maria de Brito Lima Prado (IMS/UFBA) e Nília Maria de Brito Lima Prado (ISC/UFBA)

Santos,Prado, Medina-Territorialidade,intersetorialidade2018 

Grupo 3 – Financiamento e gestão da APS – sala 408
Coordenador: Aluísio Gomes da Silva (UFF) – Relator: Allan Claudius Queiroz Barbosa (UFMG)

Textos disponíveis:

Financiamento da Atenção Básica no SUS

Autores: Ana Luisa Barros de Castro (Hosp.Lagoa), Luciana Dias de Lima (ENSP/Fiocruz) e Cristiani Vieira Machado (ENSP/Fiocruz)

Castro,Lima,Machado -Financiamento da APS 2018

PNAB: Entre retrocessos e desafios

Autores: Eduardo Mello (ENSP/UFF), Maria H.Mendonça(ENSP/Fiocruz), Gabriella Andrade e Jarbas Ribeiro

Melo,Mendonçaet al-MudançasnaPNAB2018

Modelos de gestão

Autores: Márcia Teixeira (ENSP/Fiocruz), Gustavo Matta (ENSP/Fiocruz) e Aluísio Gomes da Silva Jr (UFF)

Teixeira;Matta;Silva Junior-Modelos de Gestão-2018

Investigação e inovação nos cuidados primários à saúde – Autores: Severina Alice da Costa Uchoa (UFRN), Paulo de Medeiros Rocha (UFRN),  Claudia Santos Martiniano (UEPB), Ardigleusa Alves Coelho(UEPB) e Monique da Silva Lopes (UFRN) 

Uchoa,Rochaetall-Investigaçãoeinovaçaonoscuidadosprimários218

Saúde dos povos dos campos, das águas e  floresta

Pessoa,Almeida,Carneiro-SaúdeRural2018 

Autores:  Vanira Pessoa(Fiocruz CE), Magda de Almeida (SBMFC) e Fernando Carneiro(Fiocruz/CE)

Programa Mais Médicos e fortalecimento da atenção básica: resultados, desafios e proposições para o aperfeiçoamento da política –

AutorasMaria Guadalupe Medina (ISC/UFBA); Patty  de Almeida (MPS/ISC/UFF)

Medina,Almeida -PMM

A discussão nos grupos será iniciada com breve apresentação de síntese dos documentos temáticos (cinco minutos) seguida de debate e síntese pelos relatores.  Os participantes se inscreverão nos grupos pela manhã conforme interesse e disponibilidade de salas.

16h30 – Encerramento – Auditório térreo

                                      21 de março  – quarta-feira

 

Participantes: Comitê gestor da Rede de Pesquisa em APS, coordenadores, autores e relatores de cada tema – Sala 718
9h- 13h – Apresentação síntese dos temas e das discussões dos grupos para elaboração do texto de contribuição ao Abrascão 2018

14h30 -17h – Reunião do Comitê gestor da Rede APS

Confira entrevista com a professora Rosana Aquino sobre uma agenda estratégica para a APS e SUS

No próximo dias 20 e 21 de março, ocorrerá no Rio de Janeiro o Seminário “De Alma Ata à Estratégia Saúde da Família: 30 anos de APS no SUS – avanços, desafios e ameaças”, evento preparatório para o 12º Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva – Abrascão 2018.

Organizado pela Rede de Pesquisa em Atenção Primária à Saúde – Rede APS, da Abrasco, o evento tem como programação a definição de uma agenda estratégica para a Atenção Primária no SUS. Na parte da manhã do dia 20, haverá mesa redonda com Ronald Ferreira dos Santos, presidente do Conselho Nacional de Saúde; Rosana Aquino, professora da UFBA; Davide Rosella, professor convidado da UFBA e vinculado ao London School of Hygiene and Tropical Medicine e Luiz Facchini, professor da UFPEL e coordenador da Rede de Pesquisa em APS. A mesa será coordenada pela Profª Lígia Giovanella, da ENSP-Fiocruz. O evento será público e terá transmissão online. 

Rosana Aquino (professora do ISC-UFBA), que participará da mesa redonda no dia 20, avalia que o momento atual é marcado “por inúmeros retrocessos e ameaças à Democracia e a conquistas históricas do povo brasileiro”. Nesse sentido, afirma que é fundamental pensar uma agenda estratégica de pesquisas científicas, “compromissada com o fortalecimento do Sistema Único de Saúde e de políticas sociais com impactos sobre o estado de saúde da população. Esta agenda deve materializar-se em pesquisas que possam desnudar entraves e obstáculos que porventura comprometam o alcance dos objetivos destas intervenções, oferecendo evidências que possam contribuir com a sua melhoria, ou ao contrário, identificar os efeitos negativos de retrocessos que possam ocorrer na implementação destas políticas sociais.”

Confira abaixo a entrevista  com a professora Rosana Aquino:

Rosana Aquino: “A conjuntura atual do nosso país está marcada por inúmeros retrocessos e ameaças à Democracia e a conquistas históricas do povo brasileiro. O golpe parlamentar teve como propósito impetrar o desmonte do Estado brasileiro, com retirada de direitos duramente conquistados, a exemplo da reforma trabalhista, privatização de empresas estatais e políticas de ajuste fiscal baseadas na redução dos gastos com políticas de proteção social. O SUS, enquanto política pública e sistema de saúde universal, incluindo os enormes avanços que tivemos na consolidação da atenção primária à saúde nas últimas décadas, está sob forte ameaça, com o aprofundamento do desfinanciamento e propostas de fortalecimento do setor privado em detrimento dos serviços públicos. Por outro lado, as restrições orçamentárias para a pesquisa científica, a exemplo dos cortes da ordem de 44%, em 2017, no orçamento do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, comprometem a produção científica nacional, a formação de pesquisadores e, por conseguinte, a autonomia e soberania nacional em diversos campos científicos e tecnológicos. Assim, neste momento, é nosso papel, como pesquisadores, pensar uma agenda estratégica de pesquisas científicas. Estratégica, porque trata-se de uma proposição compromissada com o fortalecimento do Sistema Único de Saúde e de políticas sociais com impactos sobre o estado de saúde da população. Esta agenda deve materializar-se em pesquisas que possam desnudar entraves e obstáculos que porventura comprometam o alcance dos objetivos destas intervenções, oferecendo evidências que possam contribuir com a sua melhoria, ou ao contrário, identificar os efeitos negativos de retrocessos que possam ocorrer na implementação destas políticas sociais. Um excelente exemplo é o que estamos vivenciando com os Seminários preparatórios para o Congresso da Abrasco, que está envolvendo toda a comunidade da saúde coletiva no esforço de produzir uma reflexão crítica e propositiva em diversas áreas. No nosso caso, a iniciativa da Rede APS em congregar pesquisadores e entidades como o Conselho Nacional de Saúde, composto por representantes da sociedade civil, é um exemplo de como podemos atuar para pensar uma agenda que possa contribuir para produção de conhecimentos relevantes capazes de subsidiar intervenções e políticas sociais que atendam aos anseios da sociedade brasileira pela garantia do acesso universal a serviços de saúde públicos, de qualidade e resolutivos.”

 

Confira entrevista com a professora Ligia Giovanella sobre uma agenda estratégica para a APS e SUS

No próximo dias 20 e 21 de março, ocorrerá no Rio de Janeiro o Seminário “De Alma Ata à Estratégia Saúde da Família: 30 anos de APS no SUS – avanços, desafios e ameaças”, evento preparatório para o 12º Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva – Abrascão 2018.

Organizado pela Rede de Pesquisa em Atenção Primária à Saúde – Rede APS, da Abrasco, o evento tem como programação a definição de uma agenda estratégica para a Atenção Primária no SUS. Na parte da manhã do dia 20, haverá mesa redonda com Ronald Ferreira dos Santos, presidente do Conselho Nacional de Saúde; Rosana Aquino, professora da UFBA; Davide Rosella, professor convidado da UFBA e vinculado ao London School of Hygiene and Tropical Medicine e Luiz Facchini, professor da UFPEL e coordenador da Rede de Pesquisa em APS. A mesa será coordenada pela Profª Lígia Giovanella, da ENSP-Fiocruz. O evento será público e terá transmissão online. Também será gravado e disponibilizado posteriormente no site da Rede.

Confira abaixo a entrevista com a professora  Lígia Giovanella da ENSP/FIOCRUZ.

Em primeiro lugar são inegáveis os benefícios da APS para a saúde e o direito à saúde. Internacionalmente reconhecem-se os benefícios de sistemas de saúde sustentados por uma APS de qualidade e diversos estudos demonstram efeitos positivos da APS nos resultados em saúde, no acesso, na equidade e na eficiência dos sistemas de saúde. Atualmente o fortalecimento da atenção primária é considerado uma das estratégias mais efetivas para responder as mudanças contemporâneas no perfil de morbimortalidade. Com todos os percalços nestes 30 anos, uma boa parte dos sucessos do SUS pode ser atribuída à ampliação do acesso à atenção básica e especialmente à importante expansão da Estratégia Saúde da Família no território nacional. No momento atual o SUS está sob forte ameaça e a Saúde da Família também. Aos constrangimentos financeiros decorrentes do subfinanciamento crônico do SUS e da atual crise econômica soma-se o ajuste draconiano da EC 95 que congela os gastos públicos por 20 anos, que se mantida significará o desmantelamento do SUS. Ao mesmo tempo, nossa APS está ameaçada pela abolição da prioridade para a ESF e outras alterações definidas na PNAB reformulada em 2017.

Propor uma agenda estratégica para a APS neste momento significa reafirmar os princípios de um sistema publico universal de qualidade, reconhecer avanços, proceder uma análise crítica e formular estratégias para dar direcionalidade às nossas ações como profissionais, como organizações do movimento da reforma sanitária brasileira,  e como militantes em favor do SUS, na resistência frente ao desmonte. Este é também um ano eleitoral e esta agenda pode subsidiar programas de candidatos de partidos que defendam justiça social e direitos sociais universais que se aliem na consigna de: Nenhum direito a menos.”

Participe do Seminário no dia 20 de março no auditório da ENSP – FIOCRUZ – Rio de Janeiro 

 

Seminário preparatório para o ABRASCÃO debaterá os avanços, desafios e ameaças após 30 anos de APS no SUS

Seminário preparatório para o ABRASCÃO debaterá os avanços, desafios e  ameaças após 30 anos de APS no SUS

No próximo dias 20 e 21 de março, ocorrerá no Rio de Janeiro o Seminário “De Alma Ata à Estratégia Saúde da Família: 30 anos de APS no SUS – avanços, desafios e ameaças”, evento preparatório para o 12º Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva – Abrascão 2018.

Organizado pela Rede de Pesquisa em Atenção Primária à Saúde – Rede APS, da Abrasco, o evento tem como programação a definição de uma agenda estratégica para a Atenção Primária no SUS. Na parte da manhã do dia 20, haverá mesa redonda com Ronald Ferreira dos Santos, presidente do Conselho Nacional de Saúde; Rosana Aquino, professora da UFBA; Davide Rosella, professor convidado da UFBA e vinculado ao London School of Hygiene and Tropical Medicine e Luiz Facchini, professor da UFPEL e coordenador da Rede de Pesquisa em APS. A mesa será coordenada pela Profª Lígia Giovanella, da ENSP-Fiocruz. O evento será público e terá transmissão online.

Na parte da tarde, o seminários se divide 3 grupos temáticos para debate: 1) Força de trabalho e práticas profissionais na APS; 2) Modelo de atenção e impactos na organização dos serviços; 3) Financiamento e gestão da APS. Cada um dos eixos partirá de textos introdutórios referentes aos temas, elaborados pelos membros da Rede de Pesquisa em APS e disponíveis no site da Rede. No dia 21, será elaborada uma síntese dos debates e encaminhamentos, pelo comitê gestor da Rede de Pesquisa em APS, apresentadores e relatores dos grupos temáticos.

Rosana Aquino (professora do ISC-UFBA), que participará da mesa redonda no dia 20, avalia que o momento atual é marcado “por inúmeros retrocessos e ameaças à Democracia e a conquistas históricas do povo brasileiro”. Nesse sentido, afirma que é fundamental pensar uma agenda estratégica de pesquisas científicas, “compromissada com o fortalecimento do Sistema Único de Saúde e de políticas sociais com impactos sobre o estado de saúde da população. Esta agenda deve materializar-se em pesquisas que possam desnudar entraves e obstáculos que porventura comprometam o alcance dos objetivos destas intervenções, oferecendo evidências que possam contribuir com a sua melhoria, ou ao contrário, identificar os efeitos negativos de retrocessos que possam ocorrer na implementação destas políticas sociais.”

 

Lígia Giovanella (ENSP-FIOCRUZ) elenca como ameaças ao SUS além do subfinanciamento crônico, a Emenda Constitucional 95, que congelou por 20 anos os gastos públicos no país e a abolição da prioridade para a ESF e outras alterações definidas na Política Nacional de Atenção Básica reformulada em 2017. A professora afirma que propor uma agenda neste momento significa “reafirmar os princípios de um sistema público universal de qualidade, reconhecer avanços, proceder uma análise crítica e formular estratégias para dar direcionalidade às nossas ações como profissionais, como organizações do movimento da reforma sanitária brasileira,  e como militantes em favor do SUS, na resistência frente ao desmonte.” Ressalta também o fato deste ser um ano eleitoral e esta agenda poder subsidiar programas que defendam “justiça social e direitos sociais universais que se aliem na consigna de: Nenhum direito a menos.”

 

Após 30 anos de APS no SUS e no momento atual de crise, convidamos a todas e todos a participar e contribuir para a formulação dessa agenda estratégica!

Confira abaixo a entrevista completa com as professoras Rosana Aquino e Lígia Giovanella.

Rosana Aquino: “A conjuntura atual do nosso país está marcada por inúmeros retrocessos e ameaças à Democracia e a conquistas históricas do povo brasileiro. O golpe parlamentar teve como propósito impetrar o desmonte do Estado brasileiro, com retirada de direitos duramente conquistados, a exemplo da reforma trabalhista, privatização de empresas estatais e políticas de ajuste fiscal baseadas na redução dos gastos com políticas de proteção social. O SUS, enquanto política pública e sistema de saúde universal, incluindo os enormes avanços que tivemos na consolidação da atenção primária à saúde nas últimas décadas, está sob forte ameaça, com o aprofundamento do desfinanciamento e propostas de fortalecimento do setor privado em detrimento dos serviços públicos. Por outro lado, as restrições orçamentárias para a pesquisa científica, a exemplo dos cortes da ordem de 44%, em 2017, no orçamento do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, comprometem a produção científica nacional, a formação de pesquisadores e, por conseguinte, a autonomia e soberania nacional em diversos campos científicos e tecnológicos. Assim, neste momento, é nosso papel, como pesquisadores, pensar uma agenda estratégica de pesquisas científicas. Estratégica, porque trata-se de uma proposição compromissada com o fortalecimento do Sistema Único de Saúde e de políticas sociais com impactos sobre o estado de saúde da população. Esta agenda deve materializar-se em pesquisas que possam desnudar entraves e obstáculos que porventura comprometam o alcance dos objetivos destas intervenções, oferecendo evidências que possam contribuir com a sua melhoria, ou ao contrário, identificar os efeitos negativos de retrocessos que possam ocorrer na implementação destas políticas sociais. Um excelente exemplo é o que estamos vivenciando com os Seminários preparatórios para o Congresso da Abrasco, que está envolvendo toda a comunidade da saúde coletiva no esforço de produzir uma reflexão crítica e propositiva em diversas áreas. No nosso caso, a iniciativa da Rede APS em congregar pesquisadores e entidades como o Conselho Nacional de Saúde, composto por representantes da sociedade civil, é um exemplo de como podemos atuar para pensar uma agenda que possa contribuir para produção de conhecimentos relevantes capazes de subsidiar intervenções e políticas sociais que atendam aos anseios da sociedade brasileira pela garantia do acesso universal a serviços de saúde públicos, de qualidade e resolutivos.”

Lígia Giovanella: Em primeiro lugar são inegáveis os benefícios da APS para a saúde e o direito à saúde. Internacionalmente reconhecem-se os benefícios de sistemas de saúde sustentados por uma APS de qualidade e diversos estudos demonstram efeitos positivos da APS nos resultados em saúde, no acesso, na equidade e na eficiência dos sistemas de saúde. Atualmente o fortalecimento da atenção primária é considerado uma das estratégias mais efetivas para responder as mudanças contemporâneas no perfil de morbimortalidade. Com todos os percalços nestes 30 anos, uma boa parte dos sucessos do SUS pode ser atribuída à ampliação do acesso à atenção básica e especialmente à importante expansão da Estratégia Saúde da Família no território nacional. No momento atual o SUS está sob forte ameaça e a Saúde da Família também. Aos constrangimentos financeiros decorrentes do subfinanciamento crônico do SUS e da atual crise econômica soma-se o ajuste draconiano da EC 95 que congela os gastos públicos por 20 anos, que se mantida significará o desmantelamento do SUS. Ao mesmo tempo, nossa APS está ameaçada pela abolição da prioridade para a ESF e outras alterações definidas na PNAB reformulada em 2017.

Propor uma agenda estratégica para a APS neste momento significa reafirmar os princípios de um sistema publico universal de qualidade, reconhecer avanços, proceder uma análise crítica e formular estratégias para dar direcionalidade às nossas ações como profissionais, como organizações do movimento da reforma sanitária brasileira,  e como militantes em favor do SUS, na resistência frente ao desmonte. Este é também um ano eleitoral e esta agenda pode subsidiar programas de candidatos de partidos que defendam justiça social e direitos sociais universais que se aliem na consigna de: Nenhum direito a menos.”