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Arquivo Mensal novembro 2017

13º Congresso Internacional Rede Unida

O 13º Congresso Internacional da Rede Unida acontecerá  de 30 de maio a 02 de junho de 2018, em Manaus – AM. O evento propõe o debate em torno da saúde, educação, arte e cultura, participação cidadã, da gestão e trabalho em saúde na perspectiva do fortalecimento do Sistema Único de Saúde (SUS). É um encontro voltado para trabalhadores da saúde, usuários do SUS, pesquisadores, estudantes, professores, gestores e representantes de movimentos sociais.

As inscrições já estão abertas e até o dia 25 de janeiro também é possível apresentar propostas para a programação do evento. Dentre as atividades estão fóruns nacionais e internacionais, sessões de apresentação oral, rodas de conversa com apresentação de trabalhos,  feira/mostra de iniciativas e outras. Veja aqui como sugerir intervenções na programação.  

 

13º Congresso Internacional Rede Unida
Data: 30 de maio a 2 de junho de 2018
Local: Manaus – AM 

XXVI Fórum Permanente Estadual da Atenção Básica

O próximo Fórum Permanente de Atenção Básica irá apresentar e discutir a nova PNAB (Política Nacional de Atenção Básica) e as implicações das suas mudanças para a condução da gestão, bem como as repercurssões na assistência.

O evento acontecerá dia 28/11/2017 de 9h às 17h no Auditório do Ministério da Saúde na Rua México, 128 – 10º andar. Centro do Rio de Janeiro.

O público alvo são os Secretários Municipais de Saúde e Coordenadores de Atrenção Básica e Saúde Bucal.

Abaixo segue a programação do evento:

Estudo analisa efeitos da atuação em saúde bucal na APS sobre o câncer oral no Brasil

O câncer oral é uma doença potencialmente fatal, especialmente quando diagnosticada em estágios avançados. Estima-se que essa doença é responsável por metade dos casos de tumores na cabeça e pescoço (sétima neoplasia maligna mais frequente mundialmente). No Brasil, ainda que a APS seja responsável por promover saúde bucal, não há evidências suficientes para saber se esse nível de atenção tem efeitos na morbidade e na mortalidade por câncer oral.

Foi esse o objetivo do estudo recém publicado no periódico BMC CANCER, por Tiago Augusto Hernandes Rocha, professor da UFMG e membro da Rede de Pesquisa em APS e outros pesquisadores. Os autores afirmam que os profissionais do nível primário devem realizar exames orais rotineiramente para identificar neoplasias em estágio inicial. Entretanto, ainda há uma baixa cobertura populacional (37%) da Política Nacional de Saúde Bucal e poucas ações preventivas, deficiências na formação profissional e graves iniquidades sociais no país.

No âmbito mundial, a proporção de pacientes diagnosticados em estágios avançados da doença não se alterou nos últimos 40 anos. A investigação partiu da hipótese de que o aumento da cobertura, acesso a procedimentos e ações preventivas terão um impacto positivo na redução da incidência e mortalidade do câncer oral no país.

Realizou-se um estudo ecológico e longitudinal, utilizando dados de 7 fontes secundárias de dados diferentes, incluindo o DATASUS, o PMAQ-AB e o IBGE. Foram utilizadas como variáveis dependentes a incidência e a mortalidade por câncer oral, padronizadas por idade e gênero. Outras co-variáveis (sociodemográficas, estrutura das unidades básicas e o processo de trabalho) foram verificadas em modelos de regressão usando uma abordagem hierárquica baseada num modelo teórico.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O artigo afirma que a taxa de mortalidade por câncer oral teve um aumento de 47% no país entre 2003 e 2012 (de 1.7 para 2.51 mortes/100 mil habitantes), com a incidência tendo ficado inalterada no mesmo período. Além disso, houve associação positiva entre a incidência de câncer em indivíduos acima de 60 anos e em tabagistas de idade adulta.

Não foi identificada diferença significativa entre os gêneros na incidência do câncer oral. A mortalidade teve diminuição associada à cobertura de equipes de APS e com mais financiamento desse nível de atenção. Segundo os autores, esses resultados referentes à mortalidade são inéditos na literatura nacional e internacional a respeito da temática.

Dentre os inúmeros achados do estudo, os autores destacam que os aspectos da estrutura e do processo de trabalho na APS brasileira tem efeitos em reduzir a mortalidade no câncer oral, mas não a incidência. Nesse sentido, mudanças no processo de trabalho das equipes de Saúde Bucal para ações mais efetivas no manejo na prevenção do câncer oral são necessárias. Além disso, investimentos em políticas de redução de fatores de risco devem ser feitas para aprimorar a qualidade do cuidado, especialmente sobre os mais idosos, bem como elevar as taxas de diagnóstico precoce feito pelas equipes.

Trata-se, em suma, de mais um estudo que destaca a importância do fortalecimento da APS no país. Boa leitura!

 

Ensaios & Diálogos em Saúde Coletiva – número 5

REVISTA NA ÍNTEGRA – baixar o PDF

EDITORIAL – Por Gastão Wagner e Vilma Reis– baixe em PDF – “A Ensaios & Diálogos em Saúde Coletiva comemora seu 5º número feito essencialmente de artigos espontaneamente recebidos, de assuntos diversos, mas com um tema em comum: todos foram redigidos por abrasquianos, associados que veem esta revista exatamente como pensou Gastão, “Uma revista que reflita sobre a Abrasco, sobre os modos atuais de produção e de divulgação de conhecimentos. Que trate de nossas fraturas. Um espelho que possa iluminar nosso modo de ser e de operar”. Um “vida longa” para a Ensaios & Diálogos em Saúde Coletiva!”

SUMÁRIO – baixe em PDF

Artigo 1 – baixe em PDF – “Uma política de pessoal para o SUS-Brasil – Contribuição para o Debate do Abrascão 2018” – por Gastão Wagner de Sousa Campos “Estamos diante do desafio de realizar ampla reforma da gestão pública, criando condições de possibilidade da existência de um novo tipo de servidor público. Um sistema de gestão e de atenção que combine responsabilidade sanitária com a saúde de cada pessoa e da coletividade com importante grau de autonomia e de envolvimento do trabalhador de saúde”

Artigo 2 baixe em PDF –  “Caminho que tenha coração – a potência do encontro na atuação do Núcleo de Apoio à Saúde da Família” – por Hevelyn Rosa Machert da Conceição “O modo com que nos aproximamos das questões dos processos de saúde e de doença constituem um entre infinidades de caminhos. Caminhos que se interessam justamente pelo próprio caminhar e nos interessam pela possibilidade de acolher um coração. Caminhos que importam enquanto fortalecem e potencializam a vida”

Artigo 3 – baixe em PDF –  “O estudo de avaliação econômica e a prática profissional do enfermeiro: uma discussão teórico-reflexiva” – por Rafaela Gessner; Maykon Diego Melo; Sayuri Tanaka Maeda e Suely Itsuko Ciosak “Os processos avaliativos das tecnologias, ainda são usados de maneira incipiente na área da saúde, em especial na enfermagem, visto que há pouca inserção desta temática nos currículos formativos. Portanto, a busca de estratégias de superação dessa problemática, deve ser adotada, principalmente em cursos de pós-graduação”

Artigo 4  baixe em PDF – “Nós precisamos falar sobre métodos de interpretação constitucional e o papel do direito democrático à saúde para a construção social do SUS que queremos”  – por Regiane Garcia “Este ensaio foca no direito à saúde, e defende que o direito constitucional à saúde não morreu, mas os métodos tradicionais de dizer o direito estão presos à uma metodologia e cultura jurídica arcaica, incondizentes com a linguagem abstrata de direitos e princípios”

Artigo 5 – baixe em PDF – “Controle Social no SUS é sinônimo de Conselho de Saúde” – por Ernande Valentin do Prado “Em cenários onde os conselhos de saúde estão funcionando de forma tão precária não se pode dizer que o controle social acontece, que há realmente participação popular na gestão do SUS. Além disso, só confirma o que já é de conhecimento generalizado no SUS, sobretudo entre trabalhadores e usuários”

Artigo 6 – baixe em PDF – “A inclusão e os desafios do bacharel em Saúde Coletiva na Rede de Saúde Pública Municipal: Vivências de uma Sanitarista” – por Eduarda Cristina Poletto Gonçalves “A graduação em saúde coletiva potencializa aquele profissional para a inovação da rede de saúde, estando apto para desempenhar suas funções com um olhar ampliado em saúde, e integrado na rede com contribuição na qualidade dos serviços ofertados a população”

Artigo 7 – baixe em PDF –  “Mastigação: reflexões e interfaces com a Saúde”  – por Bruna MenegassiO movimento mastigatório constitui uma relação saudável entre o indivíduo e a sua agressão, transformando o ato de mastigar em um mecanismo de elaboração interna. Seria, portanto, o “exercício da mastigação”, uma contribuição para o alívio do estresse e da ansiedade da população?”

Artigo 8 – baixe em PDF – “Zimbabwe e o diretor da OMS”- por Vitor Gomes Pinto“Tedros Gebreyesus venceu apesar de seu lamentável currículo em direitos humanos como ministro das Relações Exteriores. A etnia tigray, à qual pertence, é uma elite que reúne 6% da população e discrimina e reprime cruelmente a oromos e abissínios que são mais de 70% dos etíopes”

Artigo 9 – baixe em PDF – “Assédio moral, o sofrimento no trabalho e suas consequências”  – por Ana Léa Santos da Silva; Carla Feijó e Inaiara Kersting“Situações envolvendo assédio moral nas empresas podem ser um dos causadores de sofrimento psíquico e, por vezes, ocasiona transtornos mentais que podem repercutir no afastamento do trabalho. De acordo com a Previdência Social a concessão de auxílios-doença por desequilíbrio mental vem crescendo e poderá ser, em breve, a principal causa de afastamento dos trabalhadores”

Artigo 10 – baixe em PDF –  “Responsabilidade Social Empresarial a partir da Análise Institucional” – por Ana Léa Santos da Silva “Percebe-se nitidamente o viver humano sendo atravessado pelo capitalismo. Pelo consumo desenfreado, pela extração, e pelo descarte”

Estudo compara o cuidado feito em internações por médicos generalista e não-generalistas

Nos Estados Unidos, a hospitalização de um paciente pode ser feita com três tipos de assistência médica: com o próprio médico da APS que atue durante o período da internação; com um clínico geral especializado na atenção hospitalar; ou por um médico “plantonista”, que não seja nem o médico de referência da APS nem fixo na clínica geral de uma unidade hospitalar. Há poucos estudos na literatura que investiguem a associação entre o perfil desse médico e o desfecho das internações hospitalares.

É essa a temática do artigo recém-publicado no JAMA, por Jeniffer Stevens, do Beth Israel Deaconess Medical Center – hospital vinculado ao curso médico de Harvard – e outros 4 pesquisadores. Para analisar as diferenças no cuidado e no desfecho de pacientes hospitalizados por diferentes tipos de médicos “generalistas”, os autores utilizaram uma amostra de beneficiários do programa federal norte-americano Medicare. Foram investigadas 560 mil admissões, por mais de 80 mil diferentes médicos, de pessoas com mais de 66 anos, com os 20 diagnósticos médicos mais comuns e que houvessem tido uma consulta médica extra-hospitalar no último ano.

 

 

Dentre os vários resultados encontrados, pelo estudo se demonstra que os médicos da APS solicitaram consultas de especialistas mais frequentemente (6% a mais) e mantiveram o paciente internado, por um tempo discretamente maior (1 dia a mais). No entanto, os pacientes cuidados por eles também tiveram a menor mortalidade após 30 dias de internação.

Os autores do estudo também apontam que, quando os médicos tratavam seus próprios pacientes, foram solicitadas menos consultas a especialistas, os pacientes tiveram mais altas domiciliares e menor mortalidade após 30 dias de internação, quando comparados a médicos que não tinham contato prévio com os internados. Além disso, identificou-se que os médicos que não atuavam na APS e não possuíam um olhar longitudinal na evolução hospitalar, tiveram os piores resultados em diversas variáveis analisadas (tempo de internação, mortalidade, readmissão após 7 e 30 dias, tipo de alta e número de encaminhamentos).

Em suma, os resultados do artigo reforçam o atributo da longitudinalidade como definidor da forma de cuidado e no desfecho clínico da assistência à saúde. Para melhorar os indicadores de saúde, é necessário pensar novos modelos de integração entre o cuidado primário e o hospitalar.

Boa leitura!

Airton Stein recebe o prêmio Barbara Starfield no Congresso Brasileiro de MFC

O pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre, Airton Stein, recebeu o Prêmio Bárbara Starfield de pesquisador de destaque na área da MFC/APS durante o 14º Congresso Brasileiro de Medicina de Família e Comunidade em Curitiba (PR), que ocorreu entre 2 e 5 de novembro.

 

Atuação da enfermagem na Atenção Primária é discutida em livro avaliado com nota máxima pela CAPES

Lançado em 2015, o livro “Atenção Primária em Saúde –  Diagnósticos, Resultados e Intervenções de Enfermagem” foi avaliado pela CAPES no ano de 2017 e recebeu a classificação máxima (L4). Apenas 32 dos 617 livros analisados pelo órgão receberam a nota máxima. Em um contexto de ameaça à atuação integral da enfermagem na APS, entrevistamos uma das organizadoras do livro e integrante da Rede de Pesquisa em APS de 2014 a 2017, a Profª. Márcia Regina Cubas, da Pontíficia Universidade Católica do Paraná.

REDE: Quais os motivos para a organização e publicação do livro?

PROFª. MÁRCIA CUBAS: O livro foi resultado de um dos Seminários de Diagnósticos de Enfermagem, onde pesquisadoras discutiram de forma ampla a necessidade de padronização no registro de termos da enfermagem no âmbito extra-hospitalar. Organizamos um livro com 13 colaboradoras, fruto de resultados das pesquisas de mestrado e doutorado, conduzidos por docentes da Universidade Federal da Paraíba, da Universidade de São Paulo e da PUC (Pontífica Universidade Católica) do Paraná.

 

O título principal do livro é Atenção Primária à Saúde. Trata-se de um livro teórico sobre esse nível de atenção?

O livro não tem um conteúdo teórico da APS, pois entendemos que já há outros livros que aprofundam essa temática. O grande diferencial dele é focar na atuação extra-hospitalar da enfermagem, para que os enfermeiros e docentes que se dediquem à atuação na APS tenham possibilidade de acessar padrões de anotação e de assistência por meio de um sistema classificatório denominado Classificação Internacional das Práticas e da Enfermagem (CIPE®).

 

Como foi feita a organização da obra?

O livro está dividido em 4 unidades. A primeira unidade diz respeito à apresentação do método de construção e aplicação de conjuntos terminológicos da CIPE® e, em especial para a APS, da aplicação da CIPE® na intervenção familiar, com a base teórica da enfermagem, conversando com ferramentas interdisciplinares da saúde da família. A segunda reúne diagnósticos, resultados e intervenções de enfermagem dentro da unidade de Atenção Básica, incluindo um capítulo que relaciona o papel da nossa profissão em relação aos eventos adversos pós-vacinação. A terceira diz respeito à atuação da enfermagem nas doenças crônicas não-transmissíveis, destacadamente a diabetes e a hipertensão arterial. Por fim, a última unidade traz à tona o cuidado da enfermagem em diferentes ciclos de vida, incluindo o desenvolvimento infantil, as crianças e adolescentes em situação vulnerável à violência doméstica e o cuidado à pessoa idosa.

 

Recentemente, o juiz Renato Borelli da 20ª Vara do Distrito Federal proferiu uma liminar que proíbe enfermeiros de realizar consultas, exames e prescrição de medicamentos a pacientes. Qual a relação dessa decisão com o conteúdo do livro?

Podemos citar por exemplo os eventos adversos pós-vacinação. 35 por cento desses eventos são considerados leves. O enfermeiro tem total capacidade de agir, sem fazer uso da solicitação de exames ou da prescrição de medicamentos, que são objeto da liminar. É um procedimento da enfermagem essencial para garantir a confiança da população. Sempre que há esse tipo de evento pós-vacinação, a primeira coisa que costuma acontecer é a população contestar a qualidade da vacina utilizada pela equipe e, por consequência, o próprio programa de imunização. Quando uma dor, uma febre baixa, um exantema são devidamente identificados e tratados por um saber padronizado da enfermagem, há um impacto enorme para as ações de saúde pública. É um exemplo básico, mas isso visto numa escala maior, com outras condições de saúde, mostram a relevância do papel da equipe da enfermagem, incluindo o técnico e o auxiliar, na Atenção Primária.

 

O Programa Mais Médicos e internações evitáveis pela Atenção Primária

 

O objetivo desta súmula é sintetizar as conclusões de estudos realizados até o momento sobre o impacto do Programa Mais Médicos (PMM) nas hospitalizações por Condições Sensíveis à Atenção Primária (CSAP), oferecendo material abrangente e com a precisão necessária ao debate informado para a gestão em saúde.

Foi realizada uma ampla busca em portais eletrônicos de âmbito acadêmico (incluindo a Plataforma de Conhecimentos do PMM) e também no Google, atualizada em 25 de setembro de 2017 e selecionados todos os trabalhos publicados em revistas científicas, bem como dissertações de mestrado e teses de doutorado, com resultados sobre o indicador e sua relação com o PMM. Esses resultados foram sistematizados e discutidos segundo a abrangência do estudo, considerando estudos de todos os âmbitos, desde nacional até por grupos de municípios de um determinado estado, desde os que tratavam da questão em nível nacional até os que estudaram grupos de municípios particulares em um estado.

Autores:

Fúlvio B. Nedel (Departamento de Saúde Pública, Centro de Ciências da Saúde, Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC,Grups de Recerca d’Amèrica i Àfrica Llatines, Unitat de Bioestadística, Universitat Autònoma de Barcelona – GRAAL/UAB)

Claunara Schilling Mendonça (Departamento de Medicina Social, Faculdade de Medicina, Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS; Serviço de Saúde Comunitária, Grupo Hospitalar Conceição – SSC/GHC)

Maria Cristina Marino Calvo (Departamento de Saúde Pública, Centro de Ciências da Saúde, Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC, Núcleo de Extensão e Pesquisa em Avaliação em Saúde – NEPAS/UFSC)

 

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