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Arquivo Diário 30 de outubro de 2017

OPAS/OMS e revista Interface abrem prazo para submissão de artigos sobre educação, trabalho interprofissional e formação no Mais Médicos

A Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS) e a revista Interface: Comunicação, Saúde, Educação convidam usuários do Sistema Único de Saúde (SUS), pesquisadores, gestores, acadêmicos, trabalhadores e professores envolvidos no desenvolvimento de políticas públicas de saúde para participarem de dois suplementos temáticos da publicação, um sobre educação e trabalho interprofissional em saúde no Brasil e outro sobre formação médica no programa Mais Médicos.

Educação e Trabalho Interprofissional em Saúde no Brasil
A submissão de artigos pode ser realizada até 5 de novembro deste ano,por este link. No ato da inscrição, é preciso informar na carta aos editores que o trabalho é direcionado ao suplemento “Educação e Trabalho Interprofissional em Saúde no Brasil”. O objetivo da iniciativa é promover a produção técnico-científica e a análise dos processos relacionados à educação e trabalho interprofissional em saúde.

Serão aceitos textos relacionados a nove eixos:
• Aspectos teórico-conceituais da educação e do trabalho interprofissional em saúde;
• Políticas de reorientação da formação e do trabalho em saúde potentes para a adoção da interprofissionalidade;
• Iniciativas de educação interprofissional em saúde;
• Métodos de ensino-aprendizagem na educação interprofissional em saúde;
• Iniciativas de trabalho interprofissional e práticas colaborativas nos diversos cenários de produção dos serviços de saúde;
• Implicações da interprofissionalidade nos processos de mudanças da formação e do trabalho em saúde;
• Avaliação das iniciativas de educação e trabalho interprofissional em saúde;
• Trabalho interprofissional e práticas colaborativas em saúde no processo de fortalecimento e consolidação do SUS; e
• Centralidade dos usuários e de suas necessidades como fundamento para a educação e o trabalho interprofissional em saúde.

Desenvolvimento e Expansão do Ensino em Saúde no Brasil
O prazo para envio de artigos sobre formação médica no programa Mais Médicos – a serem publicados em um suplemento especial da revista Interface sobre desenvolvimento e expansão do ensino e saúde no Brasil – foi prorrogado até 30 de novembro. Os interessados em participar podem submeter seus trabalhos pelo site da revista. É importante informar na carta aos editores que o conteúdo é direcionado ao suplemento “Desenvolvimento e Expansão do Ensino em Saúde no Brasil”.

Serão aceitos textos relacionados a oito eixos:
• Democratização do acesso ao ensino médico;
• Gênese da Política Nacional de Expansão das escolas médicas;
• Impacto do programa Mais Médicos e das diretrizes curriculares de 2014 no projeto pedagógico das escolas médicas;
• Provimento, fixação e desenvolvimento docente nas escolas médicas no Brasil;
• Relações institucionais entre as novas escolas médicas e aquelas já existentes;
• Experiências de implantação e desenvolvimento de escolas médicas criadas a partir do programa Mais Médicos;
• Implementação das ações do eixo formação do programa Mais Médicos (graduação, residência, módulos de acolhimento e avaliação, supervisão/tutoria acadêmica e métodos educacionais); e
• Residências médicas – o redirecionamento da formação médica e a (re)emergência da medicina de família e comunidade.

As seções a serem cobertas pelos suplemento temáticos são:

• Artigos: textos ensaísticos, analíticos ou de revisão resultantes de pesquisas originais teóricas ou de campo (de natureza qualitativa), referentes à temática do fascículo (até seis mil palavras);
• Espaço aberto (relato de experiência): textos que descrevam e analisem criticamente experiência relevante para o escopo do suplemento, à luz da literatura nacional e internacional, sempre que couber (até cinco mil palavras).

Estudo analisa internações por condições sensíveis à APS no município de Belo Horizonte

As “internações por condições sensíveis à atenção primária” vêm sendo utilizadas como medida da efetividade da APS. Poucos estudos, no entanto, tiveram como foco o impacto de intervenções que aumentem a qualidade da APS em relação à tendência desse indicador.

Esse foi o objetivo descrito do artigo recentemente publicado no periódico da Oxford (Health Policy and Planning) por Claunara Mendonça, Vanessa Leotti, Juvenal Dias-da-Costa e Erno Harzeim, pesquisadores da UFRGS, Unisinos e UFPel, analisando este indicador associado ao status socioeconômico e a qualidade da ESF no município de Belo Horizonte.

A investigação partiu de um estudo que observou a relação da APS e o número de internações por condições sensíveis à atenção primária na cidade entre 2003 e 2006. Segundo os autores, o objetivo da nova investigação foi detectar variáveis adicionais que pudessem explicar a relação entre a qualidade das equipes de Saúde da Família (a partir do instrumento de avaliação PCA-Tool) e as tendências temporais de internação nos hospitais públicos de Belo Horizonte entre 2010 e 2013, associadas a fatores demográficos e socioeconômicos (utilizando o Índice de Vulnerabilidade à Saúde, criado pela secretaria de saúde do município).

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Das 447.500 hospitalizações no período analisado, 19% (85.211) foram por condições sensíveis à APS. Do total de hospitalizações, mais de 75 mil (16,7%) eram referentes a 133 unidades básicas de saúde da capital mineira. Os pesquisadores estratificaram essas internações referentes à APS por risco socioeconômico: 47% eram de médio, 16,5% de baixo e 36,5% de alto risco.

Das variáveis analisadas, apenas os indicadores “acesso” e “vulnerabilidade social” demonstraram efeito nas taxas de hospitalização. A cada ponto a mais no índice de acesso, significou uma redução de 8 hospitalizações/10 mil por condições sensíveis à APS nos homens e 8,7/10 mil nas mulheres.

Em relação ao risco socioeconômico, um aumento de 10% na população sob alto risco representou um aumento de 7/10 mil hospitalizações, enquanto um aumento de também de 10% na população de baixo risco, traduziu-se numa redução de 10/10 mil, tanto no sexo masculino quanto feminino.

Na discussão dos dados, os autores realizam uma densa comparação dos achados encontrados com outros estudos nacionais e internacionais, em especial em relação à cobertura populacional, ao sexo, aos diferentes atributos avaliados pelo PCA-Tool e à rotatividade e perfil dos profissionais médicos nas equipes.

No que concerne aos determinantes sociais do processo saúde-doença, afirmam que a caracterização das populações vulneráveis, suportou os dados encontrados de outros estudos, em que os fatores ambientais e econômicos, como moradia, condições sanitárias, renda, educação e questões étnicas foram importantes preditores de internação e morbidade hospitalar.

Em suma, o artigo traz à tona, de forma densa, os impactos da qualidade da APS e diferentes determinantes no processo saúde-doença nas taxas de hospitalização populacional, chamando à atenção que, no Brasil, ainda há uma parcela significativa de pessoas sem acesso à ESF e com graves e históricos desafios, como a desigualdade de renda e a baixa escolarização.

Nesse sentido, os autores finalizam o artigo afirmando que a monitorização deve ser contínua e sistemática e deve incluir análises temporais para determinar o número e o perfil de profissionais nas equipes de ESF bem como avaliar o tamanho da população adscrita por equipe. O uso dessas diferentes estratégias de análise possibilitará o estabelecimento de padrões de qualidade e apoiará a tomada de decisões governamentais de forma mais efetiva, para que produza melhores indicadores de saúde no âmbito da APS.

Boa leitura!