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Arquivo Diário 11 de junho de 2015

O envelhecimento dos brasileiros e a demanda na área da saúde

O número de idosos (pessoas com mais de 60 anos) cresce a cada ano. Já são 26,1 milhões de idosos no país, ou 13% da população total do Brasil, segundo a Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílios (PNAD 2013). A expectativa média de vida, atualmente em 74 anos, se amplia de tal forma que grande parte da população atual alcançará a velhice. Estudos apontam que em 2033 a expectativa de vida passará dos 80 anos nas regiões Sul e Sudeste, segundo a pesquisa Saúde Amanhã (Fiocruz). O aumento da longevidade impõe ao setor saúde, público e privado, o desafio da organização do sistema para uma eficiente atenção à população idosa.

Em geral, as doenças dos idosos são crônicas e múltiplas, perduram por vários anos e exigem acompanhamento constante, cuidado permanente, medicação contínua e exames periódicos. As doenças crônicas mais prevalentes nesta população são: Hipertensão (53%), Artrites (24%), Doenças do Coração (17%), Diabetes (16%), Depressão (12%) e 69% da população idosa tem pelo menos uma dessas doenças, segundo a PNAD 2008.

Sobre a convivência de múltiplas patologias, as demandas na área da saúde dos idosos requerem uma análise especial: avaliar se com a intervenção de várias especialidades médicas no cuidado está favorecendo a chamada iatrogenia, quando a saúde da pessoa é prejudicada pelo excesso de medicamentos e/ou procedimentos, ocasionando até o óbito. Segundo, se a presença das doenças crônicas está afetando a capacidade funcional do idoso para realizar as atividades do cotidiano. O cuidado com o idoso requer uma avaliação global da saúde, tendo em vista que a diminuição da capacidade funcional é o que tornará o idoso dependente de um nível mais complexo de assistência.

No setor privado, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) vem registrando, ainda que de forma discreta, mudança no modelo atenção à saúde do idoso por meio da implantação de programas de Promoção da Saúde e Prevenção de Riscos e Doenças por operadoras de saúde. Atualmente, dos 1.217 programas registrados na ANS, 27% já são voltados para essa população específica, ou seja 324 programas. As ações deste tipo de programa requerem das operadoras de saúde um modelo de assistência integral ao idoso por meio da abordagem multiprofissional, da definição do médico de referência responsável pelo plano de cuidado, ênfase na promoção da saúde e prevenção de incapacidades, e integração entre os cuidados em todos os níveis de complexidade, desde no consultório, no ambulatório e na assistência hospitalar, conforme o Plano de Cuidado para Idosos publicado em 2012 pela ANS (http://www.ans.gov.br/materiais-para-pesquisas/materiais-por-tipo-de-publicacao/765-livros)

A operadora Santa Helena Assistência Médica, que cobre municípios da região metropolitana de São Paulo, está apostando no manejo adequado desse público para melhorar a qualidade de saúde do beneficiário e, com isso, reduzir custos assistenciais. Por meio do programa de atenção ao idoso, que abrange 42 mil vidas de uma carteira de 250 mil beneficiários, o idoso é assistido conforme o plano de cuidado pactuado na primeira consulta com o médico de referência, especificamente, com o médico geriatra. “Essa avaliação global do paciente é para todos beneficiários com 60 anos ou mais, é realizada pelo geriatra e enfermeiros clínicos, que de acordo com a estratificação de risco e a classificação de complexidades, enquadra o idoso em algum programa da operadora”, explica Vanessa Moraes Assalim, médica geriatra coordenadora do Programa de Atendimento Interdisciplinar (PAI) da operadora Santa Helena Assistência Médica.

Os idosos estratificados em Alto Risco são direcionados para o PAI. Atualmente, são 7 mil beneficiários que fazem parte deste programa, sendo 4.100 mil deles idosos. Eles são acompanhados por equipe interdisciplinar, formada por profissionais da própria operadora, para a reabilitação e prevenção de riscos, são assistentes sociais, fonoaudiólogos, fisioterapeutas, nutricionistas, psicólogos e terapeutas ocupacionais. “O idoso tem consultas ampliadas com geriatras, que duram cerca de uma hora, e também com outros profissionais de saúde. No mesmo dia, ele passa pelo atendimento do médico e equipeinterdisciplinar”, explica Vanessa Assalim. O idoso acamado conta com o telemonitoramento do médico, sendo a periodicidade de acordo com o grau de complexidade da doença, e assim como as visitas domiciliares do médico

Os idosos estratificados em Risco Intermediário e Baixo Risco são cuidados no ambulatório de geriatria, com consultas mais curtas realizadas por médicos geriatras,clínicos ou médicos de família e por equipe multidisciplinar. “Utilizamos também o prontuário eletrônico como ferramenta ampla de informação que identifica o trajeto do idoso na operadora e guarda dados como resultados de exames, medicação ediagnóstico”, diz a geriatra.

O autocuidado é uma ferramenta de cuidado pactuada entre os profissionais de saúde e o idoso, especialmente por meio das intervenções da psicoterapia. “Quando a gente convida o idoso para discutir as possibilidades terapêuticas, nós perguntamos o que ele pode fazer para melhorar a sua saúde, como reduzir o consumo de açúcar e outras mudanças de comportamento”, conta Vanessa Assalim. A estratégia vem dando certo. “Estamos tendo uma redução expressiva nos casos de cirurgias para amputação do pé diabético”, comemora.

Outro diferencial do programa é o cuidado contínuo no trânsito do idoso por diferentes níveis de complexidade de atenção, como em caso de internações hospitalares. “Quando o idoso é internado por complicação de alguma condição crônica ou quando sofre algum outro evento inesperado, a equipe do PAI faz todo o monitoramento do paciente na internação e quando ele recebe a alta já está com a estratificação do risco refeita e nova formatação do plano de cuidado”, diz Wilson Sales, especialista em geriatria pela Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia, consultor em Saúde do Idoso, e coordenador de Implantação de Novas Tecnologias no Grupo Santa Helena.

Os idosos de baixo risco também são orientados por educadores físicos para atividades de prevenção, por meio do programa Viva Bem, que promove exercícios físicos em praças e parques das cidades visando o fortalecimento muscular, a melhora do equilíbrio e a postura, atuando na prevenção de quedas e da depressão e favorecendo a socialização do idoso.

Vanessa Borges, Espaço Você Saudável (www.ans.gov.br/espacovocesaudavel)

Nota publicada no portal de gestão –http://apsredes.org/site2013/