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Rede entrevista Daniel Soranz

Médico sanitarista, especialista em Medicina de Família e Comunidade pela AMB e Mestre em Saúde Pública pela Fundação Oswaldo Cruz. Professor/pesquisador da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (FIOCRUZ) e atualmente é o Secretário de Saúde do município do Rio de Janeiro.

1) Nos últimos  anos o Rio de Janeiro fez um grande investimento em atenção primária à saúde. Qual foi o maior desafio e quais são as metas para os próximos anos?

Aumentar a cobertura do Programa de Saúde da Família de 3,5%, que encontramos em 2009, para os atuais 44%, com 2,8 milhões de pessoas beneficiadas, foi nosso grande desafio. Para vencê-lo tivemos que passar por outros dois importantes, que foram a mudança do modelo de gestão da Atenção Primária, que passou a ser compartilhada com organizações sociais de saúde; e a formação do profissional com o perfil de médico da família, que tratamos com a criação do Programa de Residência em Medicina de Família e Comunidade, com 142 vagas anuais.Nossas metas para os próximos anos são continuar a expansão da Atenção Primária, alcançando 70% de cobertura do PSF até o final de 2016; organizar a regulação de leitos e a oferta e utilização de serviços de saúde de média e alta complexidades.

2) Quais as vantagens de se organizar os serviços de APS com base na estratégia de saúde da família?

A Atenção Primária passa a coordenar o cuidado das pessoas com responsabilidade territorial, dando atenção completa aos moradores daquela região. Há melhoras na eficiência em saúde e na capacidade de resolutividade, fazendo com que os pacientes não precisem procurar outras redes de atenção, a não ser quando houver, de fato, necessidade de média ou alta complexidades.

3) Com o programa Mais Médicos o governo federal tenta solucionar uma das grandes dificuldades da APS que é a contratação de profissionais. Como o município tem enfrentado esse problema?

O município do Rio de Janeiro aderiu ao Programa Mais Médicos por entender que esses profissionais são bem formados e com perfil de Atenção Primária. Eles atuam na cidade em unidades que, por diferentes motivos, tínhamos dificuldade de alocar médicos. Porém, a solução definitiva para esta dificuldade de lotação de pessoal só virá com a formação profissional através da Residência de Medicina da Família e Comunidade, que hoje está presente em 12% das equipes do município. A cada ano são formados 100 residentes, com fixação da grande maioria nos quadros do município.

4) Em 2014 o Rio de Janeiro formou a primeira turma de residência médica em medicina de família e comunidade. Qual o balanço deste projeto pioneiro no Brasil e quais são as grandes dificuldades enfrentadas?

O município tem hoje o maior Programa de Residência em Medicina de Família e Comunidade do país, com a maior taxa de ocupação de vagas. A principal dificuldade que temos hoje é sensibilizar os alunos de graduação de medicina sobre essa especialidade, que conta com profissionais de qualidade, oferece boa remuneração e boas condições de trabalho no município. Para isso disponibilizamos nossas unidades de Atenção Primária como uma rede docente assistencial, com mais de 600 alunos atualmente, inseridos nas melhores unidades e com os melhores preceptores.

5) No campo da pesquisa voltada para a APS, o que precisa ser desenvolvido para dar sustentabilidade técnica às redes de atenção?

Cada vez mais a reforma da Atenção Primária tem sido objeto de estudo de diferentes universidades. Podemos citar o estudo feito pela UFRGS em parceria com a OPAS, avaliando a força da Atenção Primária e comparando os diferentes modelos de atenção no município. Alguns indicadores precisam de muitos anos para que o impacto da reforma seja avaliado, porém avançamos em alguns indicadores, como taxa de abandono do tratamento da tuberculose; crianças nascidas de mães com seis ou mais consultas de pré-natal; cobertura de citopatológico; entre outros.

6) Como o município tem enfrentado o “problema” das doenças crônicas e qual seriam as ações prioritárias que permitiriam diminuir este impacto?

Com a expansão da Atenção Primária é possível acompanhar melhor os pacientes com doenças crônicas. Também melhoramos a promoção da saúde, especialmente na atividade física e no controle do tabagismo. Por outro lado, otimizando a média e a alta complexidade, é possível fazer o enfrentamento dessas doenças, como outros países já o fizeram.

 

 

 

 

Rede APS

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