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Arquivo Diário 29 de outubro de 2012

Política de saúde com foco na atenção básica, como praticada no Brasil (Saúde da Família), tem efeito favorável comprovado em termos de equidade.

 
Trata-se de um interessante estudo, de autores com origem binacional, que analisa dados de utilização de serviços de saúde no Brasil na década entre 1998 e 2008, correspondendo a um período de grandes transformações econômicas e sociais no país. Os dados analisados provêm das PNAD de 1998, 2003 e 2008. O conceito de (in)equidade horizontal parte do princípio de que as pessoas com iguais necessidades em atenção à saúde deveriam ter acesso aos serviços de forma correspondente, sendo estimada como a diferença entre a utilização prevista em função das necessidades e a utilização real observada. A análise teve como foco as prováveis visitas a serviços de saúde, médicos, odontológicos, ambulatoriais e hospitalares durante os últimos doze meses, bem como a qualquer serviços de saúde nas duas semanas anteriores, desde que em locais habituais de prestação de serviços. A situação socioeconômica foi avaliada em função dos dados de renda familiar mensal. As necessidades de saúde foram estipuladas em termos de idade, gênero, autoavaliação de saúde e presença de condições crônicas. Outros fatores analisados, não necessariamente ligados a necessidades de saúde, foram: renda, educação, localização dos domicílios, filiação a planos de saúde e cobertura pelo PSF.

Em termos de conclusões do estudo em foco, destacam-se as seguintes: (1) a probabilidade de se ter pelo menos uma visita ao médico no último ano manteve-se de forma equitativa ao longo do período, com uma pequena ascensão favorável ao polo mais rico no último ano analisado; (2) as hospitalizações mostraram-se como tendência favorável aos mais pobres, embora de forma menos acentuada em 2008; (3) no campo da saúde bucal, a tendência foi de redução absoluta da iniquidade no período, embora esta tenha sido, também, uma tendência invertida no último ano; (4) a utilização recente de serviços de saúde (15 dias anteriores) mostrou redução da iniquidade até 2003, embora sem mudanças significativas entre este ano e o último da séria analisada (2008). Além disso, a disponibilidade de serviços habituais em saúde tornou-se menos tendencialmente pró ricos ao longo do tempo, finalizando o período com relativa neutralidade em relação ao fator renda. Os fatores mais associados com a iniquidade em saúde foram: renda, posse de plano de saúde privado e a localização geográfica do domicílio. Ao contrário, a maior equidade esteve associada com a necessidade efetiva em saúde, escolaridade e acesso ao PSF.

Em síntese, segundo os autores, a utilização de serviços de saúde no Brasil parece ter sido tendencialmente mais equitativa nos anos considerados, embora isso possa não ter correspondência direta com os resultados qualitativos possibilitados por tal incremento do acesso. Esse ganho na equidade parece decorrer, efetivamente, do tipo de política de saúde com foco na APS implantado no Brasil ao longo dos últimos anos*.

artigo

 

Autores/ Instituições: James Macinko e Maria Fernanda Lima-Costa (Department of Nutrition, Food Studies & Public Health, New York University; Centro de Pesquisas René Rachou, Fundação Oswaldo Cruz / Faculdade de Medicina da UFMG – Belo Horizonte)

 

Referência: International Journal for Equity in Health 2012 (disponível on line em http://bit.ly/Olep*

Nota produzida por Flávio Goulart para o Portal da Inovação na Gestão www.apsredes.org

MS repassa recursos para vigilância alimentar

O Ministério da Saúde autorizou novos repasses para a estruturação da Vigilância Alimentar e Nutricional em 969 municípios de 26 estados brasileiros. Serão investidos R$ 11 milhões na aquisição de equipamentos antropométricos que são utilizados no acompanhamento do estado de saúde dos usuários de Unidades Básicas de Saúde (UBS). Serão contempladas as unidades com equipes inscritas no Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica (PMAQ).

Os equipamentos a serem adquiridos vão ser definidos de acordo com a necessidade específica de cada UBS. Os recursos, em sua maioria, são para aquisição de balanças convencionais, pediátricas, portáteis e instrumentos para aferição de medidas corporais. O incentivo também pode ser destinado para a compra de balanças, com capacidade de até 200 quilos, que são adequadas às pessoas obesas. O investimento tem como objetivo melhorar a infraestrutura das UBS, ação prevista no Programa de Requalificação das Unidades Básicas de Saúde.

“Com os novos equipamentos, os municípios poderão fazer um diagnóstico mais preciso da situação nutricional de seus indivíduos, o que vai permitir um planejamento adequado à realidade de cada região”, explica a coordenadora de Alimentação e Nutrição do Ministério da Saúde, Patrícia Jaime. Ela explica que o peso tem influencia significativa na evolução clínica de doenças crônicas não transmissíveis, como hipertensão e diabetes. “Por isso, é essencial o monitoramento de peso, para o enfrentamento dessas doenças”, completa.

A verificação de peso e altura e a classificação do estado nutricional dos brasileiros são medidas já realizadas nas Unidades Básicas. Os equipamentos ajudarão na coleta desses dados e no acompanhamento dos usuários do Sistema Único de Saúde. Essas informações são inseridas no Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (Sisvan) e contribuem para o desenvolvimento de políticas públicas mais efetivas. O investimento está previsto na portaria 2.392, publicada no Diário Oficial da União. Os primeiros beneficiados serão os municípios com índices mais vulneráveis, de acordo com as avaliações realizadas pelo programa.

Fonte – site MS www.saude.gov.br