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A necessidade de um referencial abrangente para compreender a inserção da APS no sistema de saúde

Nas últimas duas décadas, houve um avanço nos mecanismos e instrumentos de planejamento, acompanhamento e avaliação utilizados no Sistema Único de Saúde/SUS quando comparados com as antigas práticas das instituições federais, fragmentadas e centradas na revisão de contas médicas, no cumprimento de metas de produção ou de programas verticais. Os sistemas de informações também se diversificaram disponibilizando um leque amplo de dados com a produção científica na saúde coletiva expandindo-se de modo considerável.
Mas, já há algum tempo, temos apontado a necessidade de enfrentar dois impasses importantes no cotidiano da gestão e das instâncias acadêmicas: o desafio da profusão (de estruturas, de formulários, de relatórios, de planos, de pactos, de dados, de pesquisas) e o desafio de comunicação (da divulgação, do retorno das informações, da implementação de mudanças).  A Rede é uma iniciativa que certamente poderá colaborar com o segundo, ao qual, no entanto, passei a agregar um terceiro desafio: a necessidade de uma visão do sistema de saúde como um todo, que seja, ao mesmo tempo, sintética e abrangente.
Ao analisarmos a problemática da fragmentação dos serviços, comparando a situação da atenção primária nos sistemas de saúde latino-americanos e na União Européia, foi possível propor um modelo explicativo composto por três níveis articulados de análise, que poderá ser útil nesse sentido. Assim, em nível macro-social ocorrem decisões políticas acerca dos direitos de acesso, coberturas, financiamento e a macro-regulação entendida aqui de um modo amplo (políticas de informação, planejamento, avaliação, desenvolvimento de recursos humanos, científico e tecnológico). Em nível intermediário, nível meso ou da gestão, localiza-se um conjunto de atividades de suporte necessárias ao desempenho adequado das práticas de saúde. Nesse nível importa observar não apenas as decisões, mas principalmente a implementação de mecanismos operativos, tais como, fluxos, suporte tecnológico, formação, comunicação e informação, e regulação profissional. E, em nível micro social aonde ocorre o cuidado, as relações interpessoais é que são importantes com predomínio dos atributos relacionados ao acesso, a comunicação, informação e a efetividade da atenção.
Estou apostando no potencial da Rede para que possamos desenvolver melhor esse modelo utilizando os inúmeros indicadores validados no país, num trabalho cooperativo com todos os pesquisadores que estiverem interessados.

Eleonor Conill é integrante do comitê coordenador da Rede de Pesquisa em APS.

Rede APS

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